13 de set. de 2009

cenas q ficam...

na foto: Luciana (eu) com lenço de vó Anna na cabeça olhando através do espelho dela...para todos nós!

... com espelho trincado, cheiro de passado e gosto de um futuro melhor, a viagem para Ipiranga serviu para relembrar, reviver e tentar não esquecer de um passado distante, tanto cronológico quanto geográfico para  alguns nós.

O que nos mantém unidos??
Somo realmente unidos??
O que significa ser parente??

Perguntas...
Respostas...
Dúvidas...

Muitos sentimentos vêem a tona nessa incursão. . .
O que Anna e Ladislau criaram??
Uma família??
Ou, apenas tiveram filhos que tiveram seus filhos ...que seguem suas vidas??
Será possível tentar reescrever essas histórias??
Criar um novo capítulo, tecendo e unindo laços daqui prá frente??

Vó anna, Vô "Waldomiro", tio Chico, tio Osny,Sandra, meu pai...
se foram...
todos nós iremos um dia.

Minha família e eu, vivemos distantes por vinte anos...e a distância...relembrávamos apenas capítulos engraçados, gostosos, saudosos dessa vida "in" comum.

Drama, comédia, terror, romance...

Ingredientes presentes e necessários nessa trama que é a própria vida...ingredientes suficientes para criar um novelão mexicano, ou uma minissérie daquelas de muuuitos capítulos.

Dependendo do ângulo, o narrador pode destruir a memória de alguns personagens e também "construir" outros de forma heróica...
Quem são esses personagens afinal??

Como realmente sentiu a vida o vô "Waldomiro"?? na verdade Ladislau,
que era judeu e novo convertido ao catolicismo??... tocava violino, era artista no ofício da marcenaria, erudito...
adepto as bebidas quentes e não acompanhava muito o rítmo realmente "quente" da querida vó Anna...
com seus irmãos não tão eruditos, com sua família não tão elegante...mas com a garra e a força de uma verdadeira sobrevivente e sempre provedora??

Boatos, intrigas, meias verdades e muitas mentiras...
cada escritor,
contador de história,
personagem secundário ou principal,
escolhe um ângulo e a memória seletiva reescreve o resto.

Na profissão e na vida, aprendi a olhar e escrever as histórias analisando sempre três pontos de vista...
que caberia exemplificar como:
...o meu, o seu e a verdade...
A isenção profissional, nasceu na criança que participava e ouvia tantas
histórias narradas sempre de formas tão distintas...pelos Kritskis, pelos Viniskis, pelos Cercais.

Não cabe a nós julgar ninguém...
eu, particularmente tenho saudade do Vô e da Vó,
dos  primos e dos tios...e... principalmente do meu pai.

Nessa minha viagem atípica para resgatar alguns laços, me vi feliz e bem triste várias vezes.

Concluí que somos realmente muito diferentes e também parecidos...
acredito que as diferenças são saudáveis...complementares até!

Na vida da minha família pequenininha...
não misturamos amigos aos assuntos familiares,
amigos são a família que escolhemos...
e familiares são aqueles que os nossos nos deram.

Podemos sim, escolher com quais convivemos ou não.

Mas amigos são amigos e parentes são parentes.

Não precisam se conhecer, conviver ou se gostar,
e não falarão dos nossos ou julgarão os nossos,
porque os nossos parentes, a nós nos cabem... conviver , falar, amar ou odiar.

Talvez seja uma mentalidade simplória...mas nos serve e sempre nos serviu.
E hoje confesso me sentir também muito mais parente de alguns dos meus amigos,
do que amiga de alguns dos meus parentes.

Sim, vim, vi e gostei.

Só sinto por não ter mais tempo para tentar fazer ou refazer laços...
meu pai se foi,
com saudade e uma dor enorme por não ter  convivido mais com muitos de vocês.
E acreditem, ele era só coração...
uma espécie meio truculenta de homem, com um menino sonhador.
Amava exageradamente o irmão e a irmã... e alguns dos sobrinhos... que eram para ele,
filhos...
Teve também filhos que não conheceu...e quando tentou se aproximar...a mágoa
imensa...não dava espaço nessa vida para novas possibilidades.

Nossas vidas seguirão...
provavelmente não viremos mais para o sul,
mas saibam que nossa casa sempre estará aberta e esperando vocês...

...com um cafezinho bem Kritski,  feitinho na hora para quem chegar...
com minha mãe de braços abertos para ser tia, avó, amiga de quem aparecer...
comigo e meu irmão... exatamente iguais ao que sempre fomos!!

E espero que nossos laços se mantenham, nossas vidas se entrelacem... nossas histórias se misturem...
de uma forma amigável, saudável e feliz...

Mas se isso não acontecer...
espero que todos sejam felizes, se cuidem e cuidem dos seus!!!

Inté...
Luciana Dias

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